Não resisti ao marketing viral e acabei fazendo também o download do Tropa de Elite. No fim das contas, um bom filme, mas com algumas falhas.
Na verdade, acho que se concentraram demais num aspecto batido dos filmes polícia-bandido brasileiros --a violência policial. É aquela velha história: policiais torturando moradores de favelas, recebendo propinas de Deus e o mundo, comandante que manda limpar ocorrências para não ser repreendido pelo secretário de segurança, etc.
Não que isso não deva ser mostrado --muito pelo contrário. Contudo, como o filme foi inspirado em livro de nome parecido (Elite da tropa), acredito que deixaram a melhor parte de fora. O que faz os policiais do Bope tão violentos e determinados? O treinamento a que são submetidos os aspirantes a soldado do batalhão. Noites em claro, espancamentos, gritos, missões exaustivas... Isso preencheu cerca de 20% de tempo de filme, sendo que as cenas mais fortes das páginas não ficaram assim tão tensas na tela.
Os diretores preferiram se concentrar no aspecto pessoal dos policiais -três no filme e no livro. Um comandante do batalhão, nervoso pela expectativa de nascimento do filho combinada ao seu trabalho; e dois aspirantes. Mostram como é duro ser policial e honesto no Rio. Como não se pode dar um passo sem pensar e como se dão os esquemas de vingança e rivalidades da PM.
E também a velha contradição da classe média. Por um lado, ela compra maconha e cocaína de traficantes, seres tão violentos quanto os policiais, e por outro reclama somente da ação da polícia. Tudo claro, com um ar intelectual. No filme, toques de Vigiar e Punir, de Foucault.
Há histórias, porém, que ficam sem explicação. Ninguém sabe como acabou o coronel Fábio, que, para fugir do comandante de seu batalhão, desconfiado de que ele o passara para trás no esquema de corrupção, se alista no Bope. O treinamento, porém, é anti-corruptos e o coronel desiste da empreitada. Ele era envolvido com cafetões de Copacabana. Ele morreu, foi transferido ou voltou a pedir a velha cervejinha para autorizar o funcionamento de boates?
Outra história que fica sem explicação é a do copiador da PUC, que revendia maconha, trazida da favela por um aluno. Ele é pego por um policial-aluno, que o repreende e sai gritando "vem comigo, vem comigo". Que fim levou o jovem? Preso? Assassinado? Esculachado?
Apesar das falhas e clichês, vale a pena ver o filme. Ainda mais no cinema, já que a produtora tem dito que a versão que circula pela internet e, obviamente, camelôs, não é a final. Dada a disseminação de cópias, acredito que o cinema receba mesmo uma "versão do diretor" para compensar a pirataria.
domingo, 26 de agosto de 2007
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