quinta-feira, 17 de maio de 2007

'É dez, parceiro'

Novamente no Maracanã, casa cheia. Chego atrasado. Jogo marcado para as 21h45, saio da confusão da Praça da Bandeira às 21h20. Carros estacionados por toda a Radial Oeste, tanto na pista quanto nas calçadas. Decido fazer a volta, pegar a pista sentido Centro para facilitar a saída após o jogo.

Tudo ainda lotado. Não há onde estacionar. Deixo longe do estádio mesmo, na faixa da Radial Oeste. Com medo de roubarem o carro (são tantas pessoas gritando ‘vem comigo, patrão!’, que uma poderia facilmente se enfurecer com o patrão e levar-lhe um bem), procuro um policial.

Paro o carro. “Por favor, é seguro parar aqui? Vai ter polícia a noite toda?” (o local de estacionamento é longe e muito pouco iluminado, bem depois do antigo Museu do Índio, daí a pergunta)

- Seguro em relação a quê?, responde o homem da lei.

- Sei lá, dá pra parar aqui na boa?

- Você quer saber em relação a roubo? (Na verdade, a intenção era essa, mas dada a cara de ‘tô nem aí’, mudo o foco)

- Tá, entendi. Me diz uma coisa: vai ter reboque hoje? (só me faltava ter o vidro do carro quebrado e ainda por cima rebocarem o veículo)

- Da última vez, não teve. Mas sabe como é, né? Quem não paga estacionamento sempre pode ser rebocado.

O “estacionamento”, no caso, era um senhor de uns 40 anos, barrigudo, que aguardava o fim da minha conversa com o policial para abrir a porta do carro e me dizer “dez conto, irmãzinho”.

Olho para o policial, ele não está nem aí. “Amigo, dez reais não rola. Te dou três. É mais que o vaga-certa”.

- Meu patrão, é o seguinte: são dez conto (sem o S mesmo).-

- Dez não dá. Te dou cinco e vamos que o jogo já vai começar.

- Deixa dez aí, parceiro. É segurança total. Até o PM vai ficar aí para olhar. (Ou seja, o cara já terceirizara o policial).

Deixei cinco na mão dele e me fiz de desentendido. Andei. Na volta, feliz pela vitória, temi pelo carro (poderia ter sido rebocado ou roubado, afinal). Estava lá. Assim como o vaga-certa, que me cobrava dois reais, não pagos.

“Não dá, já dei cinco pro teu amigo mais cedo”.

- Ah, é, então deixa…

O carro estacionado logo atrás, caiu no golpe e deu mais dois reais.

E ali ainda vai ser realizado o Pan-Americano.

Nenhum comentário: