domingo, 6 de maio de 2007

Meia confusa


Quarta-feira, Maracanã, jogo do Fluminense pela Copa do Brasil. Há algum tempo o estádio passou a aceitar carteira de estudante para conceder meia-entrada. Lá fui eu comprar o ingresso a cinco reais para a minha irmã, que estava comigo. Apenas duas bilheterias vendem a esse preço, a oito e a cinco.

- É por causa do computador. Inserimos o número da identidade e do documento no sistema para não haver fraudes, disse uma das bilheteiras.

Chego à bilheteria oito. Dos dez guichês, apenas três vendem a meia. As filas não andam, dada a necessidade de registrar tantos números. Mas essa não é a única causa da demora. O sistema, aparentemente anti-fraude, é fraudado. E muito.

Um torcedor, ao meu lado, depois de muito discutir com a bilheteira, que insistia em dizer que ele já havia comprado ingresso, chamou um policial. Explicou a situação ao PM, que (surpreendentemente) lhe deu atenção e foi com ele até o guichê.

-Minha querida, houve algo de errado. Conferi todos os documentos do rapaz, são originais, e ele me garante que ainda não comprou ingresso.

- Mas a identidade dele já está no sistema. Não posso fazer nada.

Torcedor: mas como minha identidade está no sistema se eu acabei de chegar ao estádio e ainda não comprei?

A bilheteira não responde. O policial a obriga a vender pela metade do preço. "Dá um jeito. O cidadão está no direito".

Ele consegue o ingresso e sai reclamando. O policial recomenda que ele se encaminhe a alguma delegacia ou mesmo à estação da PM do Maracanã para formalizar a queixa. Sua identidade havia sido falsificada, provavelmente.

Enquanto isso, dois cambistas rondam a fila anunciando "ingresso na minha mão, sem fila, a dez reais". Se o preço normal é dez, ele precisa ter comprado por cinco para ter algum lucro.

Onde está o falsificador? Como conseguiu comprar vários ingressos? Por que o gentil PM não fez nada?

Imagino essa fila em uma final...

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